GIRASSOL
(Helianthus annus L.)
(Helianthus annus L.)
Dalmo Henrique de Campos Lasca
1 - INTRODUÇÃO
O girassol é uma fonte importante de óleo comestível.
Sua produção mundial ultrapassa 20 milhões de toneladas anuais de grãos.
O óleo de girassol vem despertando, nos últimos anos,
o interesse de muitos consumidores pelo recente conhecimento científico de que
ele reduz o nível do colesterol que traz risco à saúde humana, quando em
excesso nos vasos sanguíneos.
Originária da América do Norte a planta do girassol
se desenvolve e produz bem na maior parte do Estado de São Paulo.
As regiões muito úmidas do leste e do Sul do estado
são inaptas para o seu cultivo. A incidência de doenças por excesso de
umidade limita a produção nessas regiões.
A cultura do girassol tem boa resistência à seca e
ao frio, podendo ser usada com vantagem como segunda cultura. Outra vantagem, é
a sua total mecanização.
O rendimento de grãos na lavoura de girassol pode
atingir e ultrapassar 2500 kg/ha, com a tecnologia
nacional atualmente disponível.
Em áreas experimentais há registro de rendimentos superiores a 3000 kg/ha.
2 - CLIMA E SOLO
A cultura do girassol é pouco exigente em calor,
desenvolvendo-se em ampla faixa de temperatura. Como outras culturas, é sensível
à geada, que danifica sua folhagem e provoca chochamento de grãos quando
ocorre na época do florescimento. Há, entretanto, materiais
resistentes à
geada, que não sofrem a queima de folhas nem o chochamento de grãos.
Temperaturas elevadas na fase de formação e maturação
das sementes podem acarretar redução no seu teor de óleo.
O desenvolvimento e a produção de girassol requer
bom suprimento de água no solo no período que vai da germinação das sementes
ao início do florescimento. Após a formação dos grãos a cultura é
favorecida por período seco.
Os solos mais indicados para a produção de girassol
são os de textura média, profundos, com boa drenagem, razoável fertilidade e
pH de moderadamente ácido a neutro; superior a 5,2 (determinação em CaCl2)
.Solos leves ou pesados podem também ser usados se não houver impedimento para
o desenvolvimento do sistema radicular. Solos com acidez elevada ou acentuada
pobreza química não devem ser usados para o cultivo do o girassol sem a correção
dessas deficiências.
3 - CULTIVARES
Dois cultivares de girassol obtidos no Instituto Agronômico
(IAC) são recomendados para plantio no Estado de São Paulo; o IAC-Anhandy e o
IAC-Uruguai. O primeiro é recomendado para a produção de óleo e o segundo
para a alimentação de pássaros.
Além desses cultivares, diversos híbridos, de
empresas privadas são também recomendados.
O boletim "O Agronômico " - V 34, 1982,
traz as seguintes características do cultivar Anhandy:
"A altura média das plantas no plantio das águas
é 182 cm e no plantio da seca é 150 cm. O diâmetro dos capítulos no plantio
das águas é 18,0 cm e no plantio da seca 14,8 cm. Polinização cruzada e
flores amarelas. Ciclo de 90 a115 dias. A produtividade é 800 a 2400 kg/ha,
dependendo principalmente, da época do plantio. As sementes são oblongas, com
11,43 mm de comprimento por 6,09 mm de largura e 3,94 mm de espessura. Testa
preta, rajada de cinza. O peso médio de cem sementes é 6,11 g e o teor de óleo
45%. É resistente a geadas e ao tombamento e tolerante à ferrugem (Puccinia
helianthi ) e à alternaria (A. zinniae, A. helianthi e A.
alternata).
4 - PREPARO DO SOLO
Para o plantio do girassol, o terreno é preparado com
aração profunda (25 a 30 cm) e gradeações. Essas operações são efetuadas
após a limpeza do terreno, quando ela é necessária. A ultima gradeação
realizada pouco antes do plantio contribui para o controle das ervas daninhas.
Após a última gradeação o terreno deverá estar livre de ervas, de torrões
e com a sua superfície uniforme.
5 - CALAGEM
Nos solos ácidos, que requerem calagem, a quantidade
de calcário recomendada com base na análise de terra deve ser usada. Essa
quantidade é calculada para elevar o índice de saturação por bases para 70%.
O calcário comum é aplicado sessenta dias, no mínimo,
antes do plantio e o calcário semicalcinado com a antecedência de um mês.
O calcário pode ser incorporado ao solo com grade
comum antes da aração e posteriormente incorporado mais profundamente com a
aração. Pode também ser aplicado em duas vezes; metade da dose antes da aração
e a outra metade após a aração . A forma mais comum de fazer a calagem tem
sido a aplicação do calcário de uma só vez após a aração e antes das
gradeações. Nessa forma de aplicação, o calcário fica pouco distribuído no
perfil do solo.
6 - ADUBAÇÃO
Produção elevadas de girassol geralmente dependem da
adubação química, que deve ser usada de acordo com a recomendação
estabelecida mediante análise de terra.
Na adubação química, são aplicados no plantio 10
kg de N por hectare e o total das doses de fósforo e de potássio. O restante
do nitrogênio é aplicado em cobertura trinta dias após a emergência das
plantas.
Na falta da análise de terra, podem ser usados no
plantio 200 kg por hectare da fórmula 5-25-25 ou a quantidade de qualquer outra
fórmula que forneça doses correspondentes de N, P2O5 e K2O.
Em cobertura poderão ser aplicados 20 kg/ha de N.
Quando a acidez do solo é corrigida pela calagem, é
necessário misturar ao adubo aplicado em cobertura oito quilos de ácido bórico
por hectare, e antecipar a adubação em cobertura de 30 dias para 20 dias após
a emergência das plantas.
7 - PLANTIO
O plantio do girassol em São Paulo abrange o período
de setembro a março, destacando -se duas épocas: a da primavera, a partir de
meados de setembro, e a de verão, com início em fins de dezembro. A época
mais favorável para o plantio situa-se entre fins de dezembro e meados de
fevereiro.
O espaçamento de plantio de girassol pode variar de
60 a 90 cm entre linhas e de 30 a 40 cm entre as sementes na linha. Para
materiais de porte médio, o espaçamento de 70 cm entre linhas apresenta bons
resultados. O espaçamento de 80 cm.tem sido empregado para a mecanização da
colheita com colhedeiras de milho adaptadas.
A profundidade de plantio recomendada é de 3 a 5
cm,.estabelecida a profundidade ela deve ser mantida constante em toda a operação
de plantio para evitar falhas na linha.
A semeadura é realizada quando o solo esta com bom
teor de umidade.
As sementes de girassol têm forma oblonga, sendo por
isso difícil sua distribuição uniforme com os dosadores de sementes das
semeadoras usadas em outras culturas. É, portanto, necessário usar
dispositivos distribuidores de sementes específicos para o girassol para manter
sua semeadura uniforme obter uniformidade na semeadura é de particular importância
porque há acentuada concorrência entre as plantas do girassol quando há
excessos de plantas na linha.
8 - TRATOS CULTURAIS
O controle de ervas na cultura do girassol pode ser
mecânico ou químico. Geralmente o controle mecânico é suficiente para manter
a lavoura livre de ervas.
Os cultivos realizados com cultivador,e complementados
com enxada, quando necessário, devem ser realizados com as ervas ainda
pequenas.
No controle químico podem ser usados herbicidas à
base de Trifluralina e Alachlor.
9 - PRAGAS E CONTROLE
A praga que tem atacado a cultura de girassol com mais
freqüência e mais intensidade e a lagarta preta das folhas, de nome específico
Chlosyne lacinia saundersii. O besouro Ciclocephala melanocephala,
de ocorrência bastante rara, danificam os capítulos provocando prejuízos
consideráveis à produção. Outras pragas, como vaquinhas, cigarrinhas,
besouros e outras lagartas são encontradas na cultura do girassol, porém os
danos que causam não tem expressão econômica.
Para o controle da lagarta preta das folhas e do
besouro dos capítulos são recomendados produtos à base de Triclorfom e Cartap.
10 - DOENÇAS E CONTROLE
A principal doença da lavoura de girassol em São Paulo
é a Mancha de Alternária, doença fúngica que caracteriza-se por
pequenas pontuações necróticos de coloração castanha a negra, de forma
arredondada ou angular, com cerca de 3 a 5mm de extensão, e talo de cor amarela
em torno da lesão.
A ferrugem, outra doença fúngica cujo agente causal
é o fungo Puccinia helianthi já causou sérios prejuízos à produção
paulista. Os materiais atualmente utilizados têm apresentado tolerância à
ferrugem, deixando essa doença de ser um risco para a produção.
Nos plantios tardios (abril), realizados em regiões
úmidas e frias, ocorre a podridão de Sclerotínia, que se caracteriza por uma
camada de micélio branco sobre o caule das plantas, escleródios no seu
interior e podridão nos capítulos. O agente causal dessa doença é o fungo
Selerotína Sclerotiorum.
Não há produtos químicos registrados no Ministério
da Agricultura para o controle de doenças do girassol. As medidas de controle são
culturais, destacando-se a rotação de culturas e o emprego de sementes sadias.
11 - COLHEITA
A colheita pode ser totalmente mecanizada ou
semi-mecanizada. Ela é realizada 100 a 130 dias após a emergência das
plantas, quando o capitulo está com coloração castanha. O teor de umidade dos
grãos para o armazenamento é de 11%, podendo o girassol ser colhido com 14% de
umidade para posterior redução da umidade a 11%.
A mecanização total da colheita é obtida com a
adaptação de plataformas em colhedoras automotrizes de cereais. Essas adaptações
tem sido feitas em colhedoras de milho.
A colheita semi-mecanizada é semelhante à de feijão.
Os capítulos são colhidos e amontoados junto à batedeira estacionária para a
operação de trilha.
12 - BENEFICIO E ARMAZENAMENTO
Após a trilha, o girassol contém muita impureza e
precisa passar por processo de limpeza (ventilação) para redução do seu teor
de impureza a 4%, ou ao teor requerido pelo comprador.
A limpeza dos grãos é operação indispensável para
a obtenção de boa qualidade do óleo e da torta.
13 - COMERCIALIZAÇÃO
O girassol é destinado à alimentação de pássaros
ou às industria de óleo, dependendo do tipo de material usado no plantio.
Para a alimentação de pássaros sua cotação tem
oscilado em torno de 500 dólares por tonelada. O mercado para o consumo por pássaros
é restrito. O girassol destinado às industrias de óleo tem cotação em torno
de 200 dólares por tonelada.
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